Meus textos, minhas pedras preciosas

Meus textos, minhas pedras preciosas

domingo, 17 de fevereiro de 2013


Por que professor?

            Lembro-me da primeira vez que entrei na minha sala de aula, sentia-me realizada pelos duros anos de faculdade. Quando olhei para aquela plateia composta por trinta e sete alunos da oitava série. Quantas carinhas estranhas e assustadas.
            Por instantes, sentia-me num imenso palco, precisava atrair os espectadores, sabia que eram críticos que me acompanhariam por quase um ano. Foi confuso, mas ninguém notou a desordem. Quando percebi já estávamos envolvidos. Significava que havia passado no teste.
            Todo ano, estou em palcos diferentes, com públicos desconhecidos, porém com muito mais experiência para trocar.
Nós professores, de fato, somos artistas, pois estamos sozinhos, envolvidos num cenário, cuja plateia será a mesma no decorrer de um ano.
 O cruel é quando a sociedade não compreende o nosso verdadeiro valor e faz críticas, por que não dizer, doídas?
            Tudo começa com as próprias normas que nos impõe: professor deve ser... professor tem que conhecer... professor deve resolver... professor tem que fazer... Por que tudo é professor? São tantos pesquisadores procurando formas de nos direcionar, entretanto nenhum deles conseguiu modificar os pensamentos daqueles que nos criticam.
            Nunca esqueci uma reportagem de veiculação nacional, relatava-se a triste cena que vive o professor. Uma frase chocou: “professores são gordos, estressados e mal-arrumados”. Por que não dizer que são profissionais, ganham mal, por isso estão desmotivados? Será que estes artistas não terão valor? Ou serão ainda criticados por qualquer um que passou e passa pelas mãos deles?
            Na ocasião em que lia um jornal de concursos e empregos, um concurso público me chamou atenção. Comparava os salários de outros profissionais. Enquanto um psicólogo teria a renda de 29,00 reais por hora, o professor 9,00 reais por hora/aula. Isso, de fato,  frustrou-me, pois na maioria das vezes, somos mais psicólogos que docentes e temos que atender uma complexidade de situações sem ter formação.
            Como profissional, atuo cumprindo minha atividade com amor a minha arte, pois sabia que o curso de docência não me levaria às altas contas bancárias, acredito que meus colegas de profissão também, por isso ainda existe professor.
            É certo que devemos mostrar que somos verdadeiros artistas mesmo que a plateia, às vezes, “jogue tomates”, pois temos a consciência de que muitos dos nossos espectadores nos agradecerão futuramente, e é este o privilégio.
            Tenhamos paciência, acreditando que dias melhores virão, e que nossa audiência será levada àqueles que mesmo sem voz ou força política, acreditam em nosso trabalho e esperam nele um futuro de melhor expectativa.
Ariana Rodrigues Quintiliano

Nenhum comentário:

Postar um comentário