Meus textos, minhas pedras preciosas

Meus textos, minhas pedras preciosas

domingo, 24 de fevereiro de 2013


A soberba azul e a soberania da areia
Ariana Quintiliano

Extraordinária cena.
Havia muito tempo que não observava aquela bela paisagem. Parecia que o paraíso estava ali, tão perto de mim, e eu o recusava. Era de uma beleza impressionante ver o pôr-do-sol surgindo por uma força mágica e tão divina. Por alguns instantes, comecei a refletir e apreciar aquele momento que me chamava atenção.
As ondas vinham e iam numa agilidade fantástica. Tive inveja delas, pois sabem até onde podem desbravar. Sabiam que nos dias de ressaca, explorariam e marcariam aquelas finas areias, deixariam ali sua marca de rebeldia. Às vezes, vivia numa “ressaca” incontrolável, queria ferir e deixar minha fúria marcada em alguns “grãos de areia”, de certa forma, conseguia.
Passava a caminhar sobre os barulhos das ondas que eram como um grito, soando fundo no meu interior.  Talvez estivessem falando comigo e para chamar minha atenção, cobriam meus pés com suas espumas brancas. Meu pouco tempo não permitia observá-las, e isso me fazia sentir tão pequena diante aquela sensacional visão. Os anseios que carregava naquelas horas, deixavam-me menor ainda, diante o infinito mar. Nunca pensei que ele daria respostas, mas naquele momento eu as recebi.
Os sons das ondas eram misturas de vozes que penetravam nos meus ouvidos e a maresia adentrava minhas narinas, corria no meu sangue, domava meu ser. Até desvendar, sucessivamente, o véu que cobriu meus olhos durante muito tempo.
Sentia-me um grão de areia, indefeso, no meio de muitos outros grãos, cada um com sua importância, mas estavam ali. Talvez perdidos, solitários, vagando nos pensamentos ou relaxando a mente para mais uma jornada cotidiana. As ondas quando vem, levam muitos deles para o fundo do oceano. Quem sabe fosse lá o final de uma luta ou o recomeço de uma grande batalha.
Na extraordinária cena, percebi que a natureza nos contemplou com o imenso azul: o céu, o mar. Na certa ela quer que entendamos que somos pequenos diante dela. No mar se vê os pequeninos grãos de areia, mas do céu eles são invisíveis.

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